O mal é assunto privilegiado das investigações de Jean-Jacques Rousseau e o exame desse tema é crucial para a compreensão do caráter revolucionário de suas idéias sobre religião. Como atestam Cassirer e Starobinski, no bojo das considerações sobre a questão da origem do mal, Rousseau entra em conflito com os defensores dos dogmas da tradição religiosa do século XVIII e, ao mesmo tempo, propõe uma experiência religiosa fundada no princípio da consciência moral. A leitura das cartas endereçadas a Philopolis, a Voltaire e ao Arcebispo de Beaumont revela que as convicções pessoais do genebrino se chocam com uma importante noção conexa ao tema do mal: o dogma da perversidade intrínseca da natureza humana e o consequente apelo à intervenção divina para a redenção do sofrimento nascido do pecado original. Em lugar dessa noção, Rousseau oferece o postulado da bondade da natureza originária do homem e uma justificação da Providência enquanto instância garantidora da mera existência de agentes livres e responsáveis pela importunidade de seus próprios sofrimentos.
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