Bem-vindos à economia do saber.
Isto pode soar como uma declaração irrelevante caracterizada como tal por parecer mais retórica do que de fato é, mas vamos analisar a realidade do mundo moderno.
Cada período de tempo na história é geralmente caracterizado pelo modo como a inovação tecnológica era conduzida, como mudava e progredia em determinada era. Da mesma forma, a revolução industrial foi marcada por fábricas enormes, asilos e mudanças para a vida da cidade. Hoje, o mundo é colorido pelo uso de smartphones, grande capacidade de armazenamento de dados e um mundo cada vez mais conectado.
Uma erosão de fronteiras tem ocorrido num ritmo sem precedentes devido à onipresença da conectividade possibilitando a comunicação, o comércio e a ligação, independentemente de onde você se encontra. O que não quer dizer que os países estejam se agrupando em um, mas que reconhecem a remoção dos obstáculos que impediam a liberdade de circulação e trocas.
E por que não? As nações e as fronteiras são um mito fomentado pela imaginação humana. Se você der uma olhada na história, as nações têm se erguido e caído através dos meios mais arbitrários: pinceladas no papel. Geralmente acontecia assim: a área era colonizada e o império desenhava no mapa as extensões de seu território, muitas vezes em discussões com outros impérios. Houve claramente um desprezo total em relação à afinidade ou ligação que os habitantes nativos tinham com a área a que pertenciam.
Para entender o que eu quero dizer, tudo o que você deve fazer é olhar para o mapa (abaixo) de como a Síria, o Iraque e a Jordânia estão divididas. Você acha que essas linhas retas têm em conta as idiossincrasias culturais inerentes a cada um dos povos localizados nas imediações da divisa? Claro que não. As nações sempre foram construídas nas mentes dos visionários famintos por poder interessados em controlar vastas faixas de terra e o que havia nelas.
O mesmo é verdadeiro para as empresas. A tecnologia e a comunidade são as novas tribos do mundo. Em vez de sentirmos afinidade dependendo dos locais de nascimento, podemos ter relacionamentos com as pessoas que compartilham os mesmos interesses e ideias. A diferença é que não há fronteiras arbitrárias. Se você olhar o Reddit, por exemplo, as fronteiras são estabelecidas pelo grupo de interesse. Podemos pertencer a grupos que são inatamente interessados em algo e se sentem parte de algo junto com outras pessoas.
As empresas, então, são as novas nações, influenciando e se beneficiando da nossa ocupação, não através de impostos, mas a partir dos dados que criamos e eles recolhem.
É por isso que nós estamos vivenciando essa paz. Estou ciente de que não é bem assim devido à popularidade das histórias na mídia sobre problemas no Oriente Médio, ou a luta contínua contra o terrorismo e o extremismo, mas a realidade é um pouco justaposta à visão retratada pela mídia. Estamos vivendo o tempo mais pacífico na história humana. Na Europa, nos tempos medievais ~40 pessoas foram mortas por cem mil habitantes. Hoje, esse número está abaixo de 1 em 100.000. Mesmo em países como a Somália e Colômbia, devastados pela guerra, o número é de apenas 9 em 100.000.
Ouço você perguntar a relevância da economia do saber em relação a tudo isto, mas digo-lhe que a inovação tecnológica tem contribuído para o progresso que trouxe a paz e a prosperidade que hoje enfrentamos.
O saber tem criado a colaboração que levou à dependência. Historicamente, a globalização foi alcançada através da colonização, como era a única rota de ampliação da sua riqueza, mas esta foi substituída devido ao aumento da tecnologia. Em vez de conquistar nações, podemos colaborar uns com os outros. Podemos comercializar e fazer câmbios que permitem a criação de valor mútuo.
E o poder de cada país não vem do que eles têm, mas do que eles sabem. (Reconheço que as guerras pelo petróleo são contrárias a este argumento mas que é uma exceção à regra).
Imaginem uma invasão chinesa no Vale do Silicone (Silicon Valley), eles podem capturar o prédio onde os engenheiros do Facebook estão… mas e depois? O poder das empresas modernas provém do conhecimento acumulado mantido nas cabeças de seus engenheiros, não no valor das terras onde estão localizados.
O conhecimento é a moeda que permite a participação na nova economia global. O conceito de império pode ter desaparecido, mas a verdade é que foi simplesmente substituído por um império verdadeiramente global.
Isto permite que qualquer um participe ou contribua se possuírem os conhecimentos necessários. Nossas habilidades não são mais constituintes do estado em que nossas alianças permaneceriam historicamente vinculadas.
E isso é uma grande coisa.
Agora estamos livres para seguirmos a vida que queremos, fazendo as coisas que queremos fazer, com o conhecimento que desejamos adquirir.
Texto original por: Chris Herd
Tradução por: Crislayne Santos